O Parque Nacional Peneda-Gerês, situado no norte de Portugal, é uma região rica em história, tradição e cultura. Entre as suas muitas facetas culturais, destaca-se uma prática única e simbólica conhecida como as "Viúvas dos Vivos". Este termo refere-se às mulheres que vestiam luto pelos seus maridos que emigravam para outros países, uma prática comum em tempos passados.
Numa época principalmente marcada pelo contrabando, os homens da região arriscavam-se a atravessar a fronteira para Espanha e França, muitas vezes de forma clandestina ("a salto"). As mulheres, sem garantias de retorno dos seus maridos, adotavam um luto completo, vestindo-se de negro como símbolo da partida incerta. Sem a facilidade da comunicação moderna, como telefones, as cartas eram a única forma de correspondência, deixando as mulheres na incerteza quanto ao destino dos seus entes queridos.
A prática das viúvas dos vivos, além de representar a incerteza das partidas na época do contrabando, reflete a força e a resiliência das mulheres que mantiveram as aldeias vivas durante as ausências de seus maridos, cultivando as terras e criando os filhos e o gado. Histórias de fronteira, contrabando e emigração são também encapsuladas na região. A batela, uma embarcação usada para atravessar os rios, conta a saga das operações arriscadas que marcaram tempos difíceis.
O Parque Nacional Peneda-Gerês é mais do que uma reserva natural espetacular. É um tesouro cultural que preserva e compartilha as tradições únicas que moldaram a vida das comunidades locais ao longo dos séculos. As viúvas dos vivos, com seu luto profundo e traje negro, são um testemunho vivo do passado, enraizado nas paisagens majestosas e na rica história desta região portuguesa.