Entre Montanhas, Tradições e Histórias
Terra de Gorriões, Camarros e Truitinhas, situada num planalto, a norte do Parque Nacional Peneda Gerês, a encantadora aldeia de Castro Laboreiro é um tesouro português, pertencente ao Município de Melgaço. Esta vila desempenhou o papel de sede do concelho de 1134 até 1855. Destaca-se o Lugar de Curral do Gonçalo, a uma altitude impressionante de 1.166 metros, sendo o segundo lugar habitado de maior altitude em Portugal. A população residente em 2001 contava com 726 habitantes.
História e Cultura
Castro Laboreiro é uma joia do Parque Nacional da Peneda Gerês, que conservou os elementos do seu património histórico e cultural de forma natural, devido ao isolamento geográfico. A arquitetura, a paisagem e o modo de vida comunitário resistiram ao tempo. A fertilidade da região contribuiu para o desenvolvimento do núcleo habitacional desde a Idade Média. O Rio Laboreiro, passando a norte pela vila, oferece a oportunidade de explorar cascatas e moinhos, contribuindo para a beleza natural da região. Em 2017, Castro Laboreiro foi finalista nas 7 Maravilhas de Portugal, e em 2018 recebeu o Prémio 5 estrelas na categoria ‘Aldeias e Vilas’ no concurso ‘Portugal Cinco Estrelas’.
Património Arquitetónico e Histórico
Castro Laboreiro abriga um património histórico notável, incluindo construções castrejas, o Castelo de Castro Laboreiro, a Igreja Matriz, o Pelourinho (século XVI), fornos comunitários, espigueiros, moinhos, e aglomeramentos rurais sem igual (Brandas e Inverneiras). O Castelo remonta aos tempos de D. Afonso Henriques, refletindo a importância defensiva do território na raia com Espanha. A rede de vias em Castro Laboreiro foi utilizada por povos nómadas, celtas, romanos e medievais ao longo de milhares de anos, originando um grande núcleo de pontes como a Ponte da Dorna e a Ponte Velha, que testemunharam esse passado. O Núcleo Museológico da aldeia, destaca a origem do Traje Laboreiro e revela o significado das vestimentas de personagens coloridas que surgem durante o Carnaval no "Entroido".
Transumância: Entre Montanhas e Vales
A tradição da transumância destaca-se em Castro Laboreiro de forma singular. Entre dezembro e março, as comunidades migram para os vales, protegendo-se do rigoroso inverno. As brandas nas áreas altas, são habitadas nas estações quentes, enquanto as inverneiras oferecem abrigo no inverno. Este sistema, é comum em outras serras do Parque Nacional Peneda Gerês, porém, assume uma singularidade em Castro Laboreiro, na medida que, em Castro Laboreiro migra toda a família e animais, porem, em outras aldeias do Parque Nacional Peneda Gerês só migra o pastor. Este fenómeno destaca a engenhosidade das comunidades locais para permanecer no território.
Gastronomia
A gastronomia de Castro Laboreiro é uma celebração de sabores intensos. Queijos e enchidos artesanais, bife de presunto, cabrito do monte assado e doces como roscas de Melgaço e bucho doce são destaques. O rio Minho contribui para pratos de peixe como lampreia à bordalesa e truta abafada.
O Cão de Castro Laboreiro
O guardião por excelência desta localidade é o Cão de Castro Laboreiro, incumbido de proteger o gado do imponente predador, o Lobo Ibérico. Não se sabe ao certo se a fama recai mais sobre a aldeia ou sobre seus cães. O Cão de Castro Laboreiro está também no epicentro de uma polêmica relacionada ao seu verdadeiro nome. Enquanto os Soajeiros argumentam a favor da denominação "Cão Sabujo da Serra de Soajo" em vez de "Castro Laboreiro", há quem sustente que não se trata do mesmo cão. Estas vozes afirmam que o Cão de Castro Laboreiro é um mastim de porte maior em comparação ao Cão Sabujo da Serra de Soajo, que seria relativamente mais compacto, embora a pelagem possa gerar confusão. Soajo também tem ligação documentada com a origem da raça de cão portuguesa, registrada e nomeada como Cão Castro Laboreiro, embora o verdadeiro nome seja sugerido como Cão Sabujo da Serra de Soajo.
Origem do Nome
O nome de Castro Laboreiro deriva do latim "castrum", fazendo referência aos povoados fortificados característicos da região, enquanto "Laboreiro" relaciona-se à árdua construção do seu castelo.
Refugiados da Guerra Civil
A região de Castro Laboreiro, situada na fronteira entre Portugal e Espanha, tornou-se um refúgio improvável para centenas de galegos que fugiram da Guerra Civil Espanhola entre 1936 e 1939, graças à solidariedade demonstrada pela população Castreja em meio às dificuldades dos refugiados. A geografia acidentada e a falta de infraestrutura facilitaram a ocultação desses refugiados. Murmuram-se a existência de túneis escavados pelos próprios refugiados, localizados em Castro Laboreiro.
Contrabando e Emigração
Castro Laboreiro, na raia com Espanha, testemunhou o contrabando ao longo de décadas. A sua geografia única proporcionou esconderijos ideais e rotas clandestinas. As atividades contrabandistas, apesar de desafios, contribuíram para a resiliência das comunidades locais. A emigração, especialmente a salto, tornou-se uma resposta ao isolamento e à falta de oportunidades económicas, marcando a história da região. Testemunho disso, eram as "viúvas dos vivos", mulheres que vestiam luto pelos maridos que emigravam, uma prática simbólica da época.
Lendas de Castro Laboreiro
Das várias lendas existentes, a lenda de Tomás das Quingostas, um salteador fora-da-lei, adiciona uma aura de mistério à história de Castro Laboreiro. As suas façanhas e confrontos com as autoridades, destacam-se como momentos sombrios.
Emoções, Tradições e História Viva
Castro Laboreiro é mais do que uma aldeia encantadora; é um testemunho vivo da história, tradições e emoções entrelaçadas ao longo dos séculos. As montanhas, rios, património arquitetónico e histórias contadas preservam a riqueza desta região única. Visitantes têm a oportunidade de não apenas admirar a paisagem, mas também mergulhar no passado, explorando as camadas profundas de um lugar que é verdadeiramente uma joia conservada do Parque Nacional Peneda Gerês.